Pages

Um tempinho na praça, queimando no sol.

É, eu gosto do meu cabelo bagunçado e do meu olho bem pintado. Quem disse que eu não sei ser do mal ou que nunca estive em um tribunal. Acho que já conheço um pouco da noite, mais é no sol que estou queimando agora. Estou no sol, porque a sombra da merda da praça que um dia era nossa esta lotada por aqueles casais que costumávamos rir.

Estou em um banco, na parada de ônibus, acho que deve ser umas sete horas da noite, nunca suportei o verão, na verdade nunca suportei nada que trás pressão. Sai de casa porque sabia que mais uma cena desse teatrinho estava sendo preparada, sinto muito, mais hoje a única plateia de vocês será os vizinhos. Não vou precisar contar a mesma coisa pra minha psiquiatra, amanha ela vai escutar coisas novas, vai ouvir que quando o show estava armado eu me levantei do banco da frente da plateia, peguei minha bolsa e toquei meu caderninho vagabundo com o lápis todo errado. Só chegando aqui na praça e sentando nesse sol desgraçado que percebi que esqueci meus óculos, que merda, quero ver eu entender minha letra toda errada depois.

O celular também me traio, o filho da mãe morreu justo agora que seria uma boa escutar uma musica pra disfarçar a barulheira dos carros. Não importa a musica, ao menos deu tempo de ligar pra uma amiga, fazer nada sozinha nunca teve graça. Ela já deve tá chegando.

Eu sei que ele,quem eu não posso falar o nome, esta me vendo aqui, sozinha, e pensando que vou voltar a ser como antes. Não se preocupe, nossa promessa secreta não sera quebrada, jamais deixaria a sua morte demostrar derrota. Sabemos que esta noite não passará de letras em uma folha vagabunda, batata frita, refri, rock n' roll e risadas com uma amiga.

Sei que não estou perdendo nada do show de horrores, pois voltarei no final a tempo de ver as cortinar se fechando e bater palmas pra insanidade da nossa família. O melhor sempre é guardado pro final.

Eu ainda estou na rua, uma louca no sol com um caderninho nas mãos. Estão todos olhando pra mim e quem passa na minha frente diminui o passo, acho que na esperança de ler o que escrevo, mais acho que minha letra sem os óculos deve ficar um pouco critica. Ninguém fala nada, eu não deveria esperar que falassem, mais sempre ah um proposito para quem espera, até mesmo uma palavra.

São tantos rostos diferentes, mais com o mesmo pensamento. Estou começando a sentir cheiro de cerveja, estou tentando entender o que um bêbado poderia roubar de mim sendo que até a minha dignidade eu vendi pro meu ultimo cigarro. Acho que devo procurar o medo dentro da minha bolsa.

Estou vendo minha amiga chegando, isso é um tchau para as letras e um oi a batata frita.

(19.01.11 - detardezinha ) - Texto eternizado pela praça do gusmão e pelos casaizinhos idiotas que não paravam de olhar a tonta escrevendo.

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS
Read Comments

0 comentários:

Postar um comentário